quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Registo do Plantel : Um Degrau Para a Melhoria

Qualquer bom criador, ou pelo menos dedicado, tem objectivos e sonhos, que passam por ter um bom aviário, bom plantel e o mais importante que este seja saudável e produtor de bons resultados.
Para que estes objectivos sejam atingidos, são necessários vários requisitos: dedicar muitas horas do seu tempo ao viveiro, investir algum dinheiro (em equipamentos, alimentos, vitaminas, mão-de-obra, ou em novas aves), muita dedicação, muita paixão, não olhar para o lado comercial, etc.
Mas muitas vezes seguindo estes requisitos e outros, observamos mesmo assim o insucesso.
Muitos criadores, ao colher os insucessos, contabilizam os prejuízos, e seguem ainda ano após ano, essa actividade inglória.

Quando são questionados, o argumento é de que a avicultura desportiva é mesmo assim, mais sujeita ao insucesso que a vitórias. Outros acabam mesmo por abandonar a actividade desiludidos e frustrados, culpando a sua má sorte ao “mau olhado do vizinho”, pois muitas vezes sentem-se enganados, pela sua pouca experiência não ser acompanhada da melhor forma pelos amigos.

Será que estes insucessos não passarão simplesmente por uma organização mais cuidadosa de seu plantel?
Penso que sim, pois se dedicamos muito do nosso tempo, se gastamos muito dinheiro, se temos boas aves e não lhes faltamos com nada; falta qualquer coisa que pode ser apenas, a simples organização escrita do plantel, ou seja os registos de tudo o que se passa durante todo o ano. Aí de certeza vamos encontrar as explicações para o insucesso ou comprovar o sucesso.

Os registos são importantíssimos, com eles saberemos ao pormenor as despesas, os rendimentos, as linhagens etc.
Muitas vezes, as aves deixam a postura, os ovos não eclodem, os filhotes morrem em idades diferentes e por motivos diferentes, não sabemos quem é filho de quem, que produtos usamos neste ou naquele pássaro etc.

Ficamos perdidos, tentamos várias soluções, sem encontrar a melhor, resolvemos mudar tudo ou mesmo trocar os progenitores. Nessa hora esquecemos os bons casais que temos e o quanto custaram a conseguir. Se houvesse registos confiáveis, com uma análise cuidada e racional poderia-se chegar a possível ou possíveis causas do insucesso ou problemas surgidos.

Mesmo assim encontramos muitos criadores que dizem ter casais a produzir 4/5 filhotes por ninhada. Mas se lhe perguntamos, qual a média de filhotes anual por casal ou do plantel, eles simplesmente não sabem ou atiram com qualquer número.

É possível que até tenham no plantel casais velhos ou doentes ou mesmo sofrendo de infertilidade, que há muito não põe um ovo sequer, e se põem não eclodem. E quantos casais existirão que produzem um ou dois filhotes por ninhada?
O que obtém o criador com um plantel assim?
-Financeiramente: prejuízo
-Emocionalmente: frustração
-Em relação aos outros criadores: sentimento de inferioridade, e atrasos devido ao sucesso dos companheiros.
Muitas vezes questionam-se: “porque é ele que consegue e eu não?”


OS REGISTOS

Falamos então dos registos, eles que são elemento fundamental para o sucesso nas criações, sendo feitos de maneira precisa. São eles que ajudam o criador a ter o registo correto da trilogia da saúde que levará ao sucesso: alimentação, património genético e todos os aspectos do ambiente que circundam os casais e filhotes. Sem anotações não se pode fundamentar qualquer decisão séria e racional.

Serão eles também que nos vão dar o registo preciso das descendências e linhagens. Os rendimentos por casal e do plantel. Em resumo, com os registos, teremos tudo gravado do que se passou durante a época.

AS DIFICULDADES

Por incrível que pareça, fazer o registo dum plantel, é uma actividade muito difícil e ignorada pelos criadores, tendo as seguintes razões ou causas básicas inter-relacionadas entre si:
-preguiça: descrédito (interrogando-se, se será mesmo uma actividade recompensadora)
-falta de material ou lugar para as anotações
-desconhecimento (para muitos a mais previsível)

Assim acontecendo, uma coisa reforça a outra, tornando o criador incapaz passando a vida a achar que isso não “paga o trabalho”. Não embarca nessa onda do progresso, porque não pode raciocinar sobre dados que não tem. Não pensa de maneira cientifica.

Aqueles que convencidos da importância do processo, dominam a preguiça, ultrapassam as barreiras, e passam a ter meio caminho andado para a eficiência na criação, e os resultados vão ser o testemunho do sucesso e a recompensa do esforço.

ONDE E O QUE REGISTAR

Podemos utilizar apenas umas folhas de papel ou um simples caderno: hoje já existem programas informáticos para o efeito, aqui temos a melhor solução, mas não ao alcance de todos.

O melhor caminho é optar por um dos processos, mais simples de registar e consultar.
O que devemos registar? Essencialmente deve-se anotar os registos básicos numa criação, estes em traços gerais são: o casal, os filhotes, linhagens, esquemas de cruzamento, manejo sanitário, despesas com alimentação, equipamentos e outras, e pequenas notas de situações pontuais verificadas.

Cada criador elabora aquela ficha que mais lhe interessa, pois vários modelos existem.

Devem ser feitas todas as anotações no momento que ocorrem: a postura, os nascimentos, mortes (a causa provável), a troca de ovos e filhotes de pais, tratamentos individuais etc. Outros semanalmente ou mensalmente como aquisição de alimento ou equipamento, tratamentos colectivos, medida e cor dos ovos etc.

CONSULTA E TRABALHO COM OS REGISTOS

Em períodos que podem ser semanal, mensal, semestral ou mesmo anualmente, o criador pode fazer consultas com levantamentos de dados obtendo o balanço da situação.
Por essa altura alguns dados interessam sobremaneira:
-qual o número de filhotes desmamados?
-qual o número de filhotes nascidos?
-embriões mortos?
-número de ovos sem eclodir?
-qual a média de filhotes por casal?
-qual o número de casais sem produzir e quais?
-qual o consumo de alimento por ave?
-qual o custo de manutenção por casal?
-o custo por cada filhote?
-os resultados dos tratamentos?

Todos estes dados obtidos irão facilitar as análises que identificarão tendências, surpreenderão fatos até mesmo antes de acontecerem e teremos a satisfação do sucesso. Mas como importância maior, temos o aparecimento de respostas concretas para aquelas questões mais simples:
-a criação de aves está a correr bem ou não?
-a criação teve bons resultados ou maus?
-que modificações há a fazer?
-o que tem que ser melhorado?

Isto em linhas gerais é o que nos permite estabelecer os níveis mínimos de qualidade e produtividade que desejamos atingir na criação. Sem isto, ficamos a brincar ao “faz de conta”, a tendência de muitos que deve ser abolida para dar lugar ao criador moderno que tenha um crescente de qualidade no seu plantel ganhando competitividade no cenário ornitófilo nacional e mundial.

Espero com estas modestas linhas, ter pelo menos alertado os menos atentos e os mais preguiçosos, para a importância deste tema, fazendo com que se elevem os números de quantidade, qualidade e competitividade da ornitofilia portuguesa.

A todos um bom ano de criações que agora começa e para aqueles que vão participar no nosso mundial (que todos esperamos ser um sucesso, eu pelo menos tenho a certeza e sei que vai ser um orgulho para todos nós Portugueses), a maior sorte do mundo e que atinjam os objectivos pretendidos.

Até lá.
Um grande abraço e sempre ao dispor.



Fonte :Revista Pássaros – Ano 6 – Nº29



Utilizo há dois anos o software "SicoCria" para gestão da criação dos meus canarios.,este ano não vou deixar de o utilizar.
Alem de ser fácil de manusear e ser algo completo também é grátis.

Um comentário:

  1. Ola Vitor, eu ja usei o sicocria mas apesar de ser gratuito eu nao gostei muito dele. Adquiri o WinBirds e gosto bastante ;)

    Um abraço
    Tito

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